Presidente do Banco Central prevê o fim dos Apps dos Bancos em até dois anos
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou que o Open Finance, um sistema que viabilizará o compartilhamento de informações financeiras dos clientes, tem a perspectiva de eliminar a necessidade de os usuários possuírem aplicativos de diferentes bancos brasileiros.
“Em um prazo de até um ano e meio a dois anos, não será mais necessário ter aplicativos específicos do Bradesco, Itaú, etc. Haverá um aplicativo agregador que, por meio do Open Finance, proporcionará acesso a todas as contas”, afirmou durante o evento da MBA Brasil em Chicago.
Campos Neto destacou que a aceitação dos brasileiros ao Open Finance foi rápida, com aproximadamente 50 a 60 milhões de pessoas aderindo ao sistema mesmo antes de experimentarem os benefícios da inovação. “O Open Finance gera portabilidade e comparabilidade em tempo real. O nosso é o mais amplo e programável do mundo”, enfatizou.
A ideia do BC é estender o Open Finance para incluir mais produtos, como seguros, que têm um amplo espaço para crescer no Brasil, conforme observou Campos Neto. Ele também prevê que, no futuro, a competição não se limitará apenas aos produtos, mas também se estenderá aos canais. “Observamos uma aceleração na importação de dados”, acrescentou.
Campos Neto também salientou que, se o Pix, a ferramenta de pagamentos instantâneos, tivesse apenas a função de substituir as transferências eletrônicas tradicionais como Ted e Doc, o sistema “teria falhado”.
Segundo ele, o BC reconheceu a importância da tecnologia durante a pandemia, mas foi necessário um esforço de persuasão dentro e fora da instituição, envolvendo os bancos no Brasil e o governo.
“Se o Pix só substituísse Ted e Doc, teríamos falhado. Eu sempre disse que os bancos não iriam perder dinheiro com o Pix. Hoje, os bancos estão extremamente entusiasmados em expandir as funcionalidades do Pix”, afirmou Campos Neto. Ele destacou que os bancos compreenderam a inovação por trás do Pix e aderiram de forma “surpreendente”.
Ao discutir o lançamento do Pix, ele lembrou que a data inicialmente prevista era o final de 2024, mas ele insistiu que precisava ser implementado em seis meses.
Campos Neto ressaltou que a agenda de inovação da autoridade monetária é um esforço coletivo do BC e não de uma única pessoa. Ele mencionou que apenas uma parte do planejado foi implementada até agora, mas o programa continuará mesmo após o término de seu mandato.
Como parte da agenda tecnológica do BC, Campos Neto explicou que a estrutura abrange quatro blocos que se interligam para criar uma intermediação financeira mais moderna. Por exemplo, o Pix se conectará com o Drex, a moeda digital brasileira. Além disso, a ferramenta de pagamento instantâneo é programável, permitindo a incorporação de diversas novas funcionalidades.