Tamanho do texto lido por estudantes brasileiros: 66% não ultrapassam 10 páginas

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O estudo divulgado nesta quarta-feira (29) analisou os microdados do Pisa 2018, um exame internacional realizado por jovens de 15 e 16 anos, e foi conduzido em parceria entre o Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e a plataforma de leitura Árvore.

Para 66,3% dos estudantes brasileiros nessa faixa etária, o texto ou livro mais longo lido não ultrapassou 10 páginas, de acordo com a análise dos microdados divulgados pelo Iede. Esse padrão de leitura tem sido associado a uma queda no desempenho em disciplinas como matemática e ciências.

Ernesto Martins Faria, diretor-executivo do Iede, ressalta a falta de cultura de leitura de textos extensos no sistema educacional brasileiro, indicando uma ausência de estímulo à leitura de materiais mais extensos nos materiais didáticos e avaliações nacionais, o que pode influenciar no desempenho dos alunos em avaliações internacionais.

Os resultados apontam que somente 9,5% dos estudantes brasileiros de 15 e 16 anos leram materiais com mais de 100 páginas em 2018, um índice significativamente inferior a países da América Latina como Chile (64%), Argentina (25,4%) e Colômbia (25,8%). Comparativamente, em nações reconhecidamente eficazes na educação, como a Finlândia, o índice chega a 72,8%.

Além disso, o estudo destaca que apenas 6% dos alunos que leram textos de no máximo uma página atingiram um alto desempenho geral no Pisa, enquanto 33% dos que leram mais de 100 páginas alcançaram essa marca.

Apesar da percepção positiva em relação à leitura entre os jovens brasileiros, evidenciada pelo gosto em falar sobre livros tanto na rede pública quanto na privada, mais de 40% dos alunos, o estudo levanta preocupações sobre os motivos pelos quais os jovens leem tão pouco no Brasil. Algumas hipóteses incluem baixo estímulo à leitura, dificuldades cognitivas, déficits de aprendizagem e a insuficiência de bibliotecas públicas, principalmente na rede pública de ensino.

Estudos anteriores citados pelo Iede indicam os diversos benefícios da leitura para os alunos, como a ampliação do vocabulário, melhoria no desempenho na escrita, aquisição de fluência verbal, conhecimento cultural e compreensão de informações em diferentes formatos, além do desenvolvimento da cidadania e do entendimento dos direitos individuais.

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