Escassez hídrica agrava cenário do Rio Paraíba do Sul
A baixa vazão do Rio Paraíba do Sul, agravada pela escassez de chuvas na região, tem gerado grande preocupação entre os especialistas. O fenômeno favorece a proliferação de algas que produzem geosmina, substância que alterou o odor e o sabor da água captada, como observado em julho deste ano. A cota atual do rio é de 3,72 metros, segundo a Defesa Civil, abaixo do necessário para manter o abastecimento adequado, especialmente na região de Campos dos Goytacazes, onde a situação é considerada crítica.
João Gomes Siqueira, diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba, destacou que julho apresentou a segunda pior situação histórica do rio, comparável apenas à crise de 2014. A falta de chuvas na região Sudeste, especialmente em Minas Gerais, impacta diretamente os afluentes do Paraíba, que estão com vazões mínimas. Com isso, canais e lagoas da Baixada Campista permanecem secos, afetando o abastecimento e a biota local.
Em São João da Barra, a alta das marés tem avançado até 8 km rio adentro, agravando a salinização e prejudicando o abastecimento de água. Segundo a concessionária Águas do Paraíba, a necessidade de adição de carvão ativado para tratar o gosto e odor da água diminuiu, graças às recentes chuvas que trouxeram leve recuperação ao rio. Contudo, a empresa continua monitorando a situação para garantir a qualidade da água fornecida.
A crise de seca extrema, que se estendeu por julho, agosto e setembro, afetou a qualidade da água e o ecossistema. Estudos realizados pela Uenf e UFRJ confirmaram que a geosmina detectada foi resultado da intensa proliferação de algas, provocada pelo período de estiagem e altas temperaturas. A concessionária também informou que a situação está controlada e que a água tratada atende aos padrões de qualidade do Ministério da Saúde.